Terça-feira, 18 de Março de 2008

6

Mais tarde, à mesa:

Maria

José, ainda vais demorar muito? -grita.


Como resposta ouve-se algo a cair no chão, seguido de um palavrão.


Madalena

Sim. Vai! Vamos mas é começar a comer. - diz, começando a servir a comida a Joana e a Alice.


Surge José, com mais uns dedos envolvidos em pedaços de pano.


Maria

Amor, deixa isso. Come, e depois do jantar tentas outra vez. - diz, tentando confortá-lo.

Madalena

Sim, deixa as tábuas tranquilas durante um tempo (diz, num tom de conforto) para que possam digerir calmamente os pedaços de carne que te arrancaram dos dedos - termina, rindo.


Alice e Maria riem-se enquanto José, frustrado se senta e se começa a servir.


Joana

Não ligues a elas pai! Eu depois do jantar vou-te ajudar. - diz, enquanto põe uma garfada de comida na boca - Também posso dizer asneiras sempre que tu te aleijares?


Maria lança olhares de acusação a José.


José

Então Alice, andas na Escola? - diz, tentando desviar o assunto.

Madalena

Deixa a moça comer em paz.

Joana
Sim. Deixa a minha amiga em paz.

José

Poças! Só estava a tentar fazer conversa!

Maria

Nós já sabemos onde é que essas perguntas vão acabar!

José

Vocês também exageram. - diz, indignado - Eu só lhe ia perguntar por possíveis namorados, no fim do jantar.

Alice

Não faz mal. Eu também não ia responder.

Maria
E fazes tu muito bem.

Tomás

Ena! Que bem que cheira por aqui. - diz, assim que entra na cozinha.

José

Porque será que não acho estranho tu apareceres, exactamente na hora do jantar? O que queres?

Tomás

Ser um bom vizinho. Só vim ver como é que as coisas andam e dar uma ajudinha.

José

Obrigado, mas já está tudo descarregado e agora, para as arrumações, não precisamos de ti.


Ouve-se mais uma série de tábuas a cair no chão, no andar de cima. José leva as mãos à cabeça desesperado pelo “timing” das tábuas.


Maria

Tomás, vai buscar um prato, senta-te e serve-te, mas com uma condição.

José

Não!!! Não quero ajuda! Eu sou capaz sozinho!


Ouve-se um ligeiro ruído, de um bocado de madeira, a rebolar no andar superior.


José

Fodddd - diz, desesperado, terminado a palavra em surdina.


Alice, Madalena e Joana, riem-se.

Maria

Como eu estava a dizer. A única coisa que te peço, é que depois do jantar vás ajudar o José a montar as camas.

Tomás

Está combinado. - diz, enquanto se vai servindo e se acomoda, tentando não ficar muito próximo de Madalena - E por falar em combinações. - diz, dirigindo-se a José - Estive a pensar, uma vez que agora somos vizinhos e trabalhamos no mesmo sítio, podíamos começar a partilhar o transporte. Esta semana levo-te eu e para a semana, levas-me tu. Que dizes?

José

Não me apetece ir a semana toda a pé para o emprego. - diz, mal humorado.

Tomás

Deixa-te disso. A Miquelina pode ser velhinha mas ainda aguenta com nós os dois.

Joana
Quem é a Miquelina?

Tomás

É um projecto em formação. - diz, com algum orgulho.


José desata às gargalhadas.


José

Essa foi a melhor descrição que já deste do bicho.  - diz, rindo.

Joana

É um bicho? - pergunta, entusiasmada.

José

Não filha. Embora, por vezes, parece que tem coisas orgânicas, a sair de dentro dela. - diz, fazendo caretas de enjoo.

Madalena

Mas afinal quem é, ou o que é, a Miquelina?

Tomás

É uma mota feita por mim.

Madalena
Por ti? - diz, admirada.

Tomás

Sim. A base é uma Famel de 1974, mas com o tempo tenho-lhe feito umas melhorias. - diz, orgulhoso.

José

Melhorias? - diz a rir - Sempre que a ligas dá a sensação que grita, para que alguém acabe com o seu sofrimento.

Maria

Não sejas assim. - diz a José, voltando-se depois para Tomás - Pelo que tenho ouvido, daqui do teu amigo - diz, apontando para José - tens tido muito trabalho para que a Miquelina funcione de forma ecológica.

José

É verdade. Ainda a semana passada apanhou duas multas por isso. Uma pelo excesso de ruído e outra pelos resíduos que o bicho vai deixando pelo caminho.....Para não falar nos resíduos que deixa, em quem anda nela!

Tomás

Duas multas muito injustas. A buzina avariou a meio do caminho e não consegui fazer com que ela parasse de apitar. Tentei explicar isso ao policia, mas como não consegui deixar de rir, com a situação, o policia julgou que eu estava a gozar com ele e multou-me.


Todos se riram, inclusive, Tomás.

Madalena

Então e a multa dos resíduos?

Tomás

Bom, com essa senti-me ofendido, pois todos os resíduos que são libertados pela Miquelina resultam da combustão de um combustivel 100% ecológico, feito por mim - diz, orgulhoso - e totalmente biodegradável.

José

Talvez o policia se estivesse a referir às peças que teimam em ir caindo pelo caminho. - diz, gozando - Se realmente queres que eu ande na Miquelina uma semana contigo, tens que te esforçar muito para me convenceres.

Tomás

Durante uma semana inteira, prometo que só me vês no trabalho.

José

Ok. Está combinado. Segunda-feira às oito e um quarto estou à porta da tua casa.

publicado por Luis às 00:02
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5 comentários:
De xana a 18 de Março de 2008 às 02:21
Isto promete...
Essa mota do Tomás fez-me lembrar de uma que há longos anos dois rapazes aqui da terreola montaram... era de troncos de madeira, bastante ecológica para os finais da década de 70.
De Violeta a 18 de Março de 2008 às 05:13
ahahah ahahah ahahah. Hj li de uma assentada todos os episódios da novela. Epahh, tou ansiosa pelo sumo. Ah Ah Ah! Epahhh, a Alice, não confio mto nela... E a Madalena, toca aí a desenvolver a veia psicótica dela... Tou curiosa. hehe!
De Isa a 18 de Março de 2008 às 09:48
Isto promete... vamos lá ao capítulo 7... aguardo ansiosamente!!!

Inté... José!!!

Isa
De Someone Else a 18 de Março de 2008 às 13:43
que venha o próximo capítulo!
adoro o Tomás

beijos
De Anónimo a 18 de Março de 2008 às 22:49
A Alice é um bocadito retrasada, não? Com 14 anos a brincar aos cabeleireiros?

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