Maria
O que é que se passou aqui? - pergunta ofegante.
Joana
Ui ui... Ainda bem que não fui eu. - diz, enquanto olha para o chão.
Tomás
O teu marido beijou-me. – diz, enquanto esfrega a zona da cara onde José o beijou.
José
Mas o que estás a fazer aqui, na minha casa? – diz, irritado.
Tomás
Não mudes de assunto. Não quero mal entendidos com a tua mulher. Por que é que me deste um beijo?
José
O que raio estás a fazer na minha casa? – diz, ainda mais irritado.
Madalena
Por favor – diz, entre gargalhadas – Contem-me depressa o que se passou, pois tenho a certeza que vou adorar.
José
Foi tudo um engano. Um estúpido engano. - diz, irritado.
Tomás
Olha que foi um beijo demasiado carinhoso para ser um simples engano.
José
Deixa de ser parvo. O que raio estás aqui a fazer? Como é que entraste? - pergunta, irritado, a Tomás.
Madalena
Maninho, não tentes mudar de assunto e conta-me a história, por favor. - diz, divertida.
José
Não há história nenhuma. – diz, irritado – Apenas um engano em relação a quem eu julgava estar a dar um beijo.
Maria abana a cabeça e vai buscar um balde e uma esfregona. Joana segue-a.
Joana
Vais pôr o pai de castigo?
Maria
Não é preciso. - diz a rir – A tia Madalena já está a fazer isso por mim.
Quando regressam, Madalena praticamente rebola no chão a rir, enquanto Tomás e José contam a sua versão do que se terá passado.
José
Mas o que é que estavas aqui a fazer? - diz, continuando irritado, principalmente com as gargalhadas de Madalena.
Tomás
Acordei cedo e aproveitei para começar a trabalhar.
José
A trabalhar??? - diz, enquanto aponta para o chão, cheio de restos do “banquete” que Tomás estava a fazer na poltrona preferida de José.
Tomás
Não ia começar de estômago vazio! E não queria acordar ninguém. Ia fazer-vos o pequeno almoço. Queria fazer uma surpresa.
Madalena
Que querido. - deixa escapar, no meio do seu riso.
José
Mas como é que tu entraste? – diz, ainda irritado.
Tomás
A tua mulher deu-me uma cópia das chaves de casa para que eu me sentisse aqui sempre bem vindo.
José olha para Maria com olhares acusadores
Maria
Dei-lhe as chaves para o caso de alguma eventualidade, termos num sítio seguro uma cópia das mesmas.
José
E por que razão não as deste à minha irmã? - pergunta, ao mesmo tempo que se volta irado para a irmã, por esta ainda não ter parado de rir. - Sitio mais seguro não há. Nela já ninguém toca.
Madalena pára de rir, olha para José desiludida e sai, magoada. Maria olha para José, irritada.
Joana
Vou lavar os dentes. - diz, saindo da sala.
Maria
É a tua irmã e foste tu que a convidaste e vir morar connosco. Toma a esfregona. Quero isto tudo muito bem limpo, pois eu vou ter que limpar algo bem mais sujo que tu fizeste. - diz, saindo atrás de Madalena.
Tomás vendo o ambiente tenso, tenta sair discretamente.
José
Nem penses! Quero esta merda bem limpa, e tu vais-me ajudar. - diz, enquanto passa a esfregona a Tomás e agarra no balde cheio de água. Por dentro continua irritado, mas agora, apenas e só consigo.
Tomás
Está bem. Eu ajudo. Desde que no fim não me dês nenhum beijo como sinal de agradecimento.
José não resiste e despeja toda a água do balde para cima de Tomás. Embora continue irritado consigo, sente algum alivio e sorri.