Segunda-feira, 7 de Abril de 2008

13

No quarto de Madalena:


Maria

Posso? - diz, espreitando pelo porta do quarto.


Madalena está a tirar as suas roupas, das gavetas, armários e roupeiro, e a colocá-las em malas, enquanto vai fungando. Maria entra e coloca-se ao seu lado, tentando não atrapalhar o trabalho de Madalena.


Maria

Sabes que aquilo não foi sentido, não sabes? Aquilo foi uma baboseira que ele disse, e que de certeza já está arrependido.


Como resposta recebe apenas mais uma fungadela de Madalena. Maria senta-se na cama enquanto vai olhando para Madalena a arrumar as roupas na mala.


Maria

Sabes que eu não te vou deixar partir, não sabes?


Madalena pára e olha para Maria, com os olhos prestes a rebentar em lágrimas.


Maria

Só estou a dizer isto, para tentar evitar que depois, tenhas mais trabalho a voltar a arrumar a tua roupa nos armários. - diz, com um sorriso.


Madalena começa a chorar e Maria abraça-a


Maria

Vá, não fiques assim. O teu irmão vai pagar bem caro por isto.


Maria olha para ela de frente


Maria

Mulher – diz, decidida – Não te deixes abater por aquele que a partir de hoje se vai chamar José “O Casto”.


Madalena sorri


Madalena

Não sei como é que o consegues aturar.

Maria

Porque tu sabes, tão bem quanto eu, que por debaixo daquela fachada de parvo, está alguém sensível e que se preocupa com as pessoas.

José

Estão a falar de mim? - pergunta com a cabeça sobressaindo da porta do quarto de Madalena.


Maria dirige-se para fora do quarto enquanto José entra.


Maria

Vou ver da Joana, e explicar-lhe a paciência que todos nós temos que ter para aturar o pai dela. -diz, enquanto manda olhares não muito meigos, a José.


José espera que Maria saia e depois, pouco à vontade, começa a olhar em volta. Repara nas malas cheias de roupa.


José

Pensava que já tinhas arrumado as roupas nos armários. - diz, pouco à vontade.


Madalena não reage.


José

Tu sabes que às vezes sou um bocado parvo. Digo coisas sem pensar nas consequências. Devia de ter um sistema qualquer que me desse choques, sempre que faço algo assim. Talvez assim aprendesse.


Madalena dá mais uma fungadela


José

Não dizes nada?- pergunta, cuidadosamente.

Madalena

Quando discordar do que estás a dizer, falo.


José suspira


José

Aquilo que te disse foi estúpido, indecente e sei que te magoei muito. Soube-o no momento em que o acabei de dizer, mas infelizmente, já era tarde.

Madalena

Não me magoaste assim tanto. Apenas.... - diz, terminando com mais uma fungadela.

José

Apenas o quê?

Madalena

Apenas me fizeste encarar a realidade. E a realidade é que estou perdida. Não sei o que fazer à minha vida. Com 33 anos sai de casa dos meus pais, para vir viver com o meu irmão....- diz, terminando a chorar.


José abraça Madalena.


José

Não me faças isso. Nunca sei o que fazer quando uma mulher começa a chorar.....Não te preocupes, eu vou-te ajudar a ires viver para outro lado.....– diz, atrapalhado – .....Não era bem isso que eu queria dizer....Podes ficar aqui a viver para sempre.... (Madalena continua a chorar) Pronto...para sempre não...até tu quiseres.......


José olha directamente nos olhos de Madalena


José

Prometo que te vou ajudar.


Madalena pára de chorar e limpa os olhos, sorrindo devido à atrapalhação sincera de José. José sorri de volta.


José

Nem que eu tenha que pagar a alguém para te fazer feliz, e tu sabes como eu sou forreta. - diz, sorrindo.

Madalena

E tens sempre as palavras certas na ponta da língua – diz, com ironia.

José

Só disse isso para reforçar o quanto te quero ajudar. - diz, atrapalhado.

Madalena

Sim, eu sei. - diz, enquanto dá um beijo a José.

José

Deixa-me ajudar-te a arrumar a tua roupa no armário. - diz, enquanto se dirige às malas de Madalena.

Madalena

Não é preciso. Eu não me vou embora. Prometo. - diz, sorrindo.

José

Eu sei. Mas quero ajudar-te na mesma. - diz, enquanto vai tirando roupa da mala de Madalena e enfiando-a em gavetas e no roupeiro.

Madalena

Deixa isso. Eu arrumo. - diz, com alguma preocupação com o pouco cuidado que José está a ter com a sua roupa – Estás desculpado. Não precisas de fazer mais nada. - termina, tirando das mãos de José uma série de roupa.

José

Mas eu quero ajudar-te. Aliás, podes deixar-me aqui sossegado que eu arrumo tudo sozinho. Prometo que ficas com a roupa e o quarto bem arrumadinho.

Madalena

Se fosse para fazer as coisas como deve ser, isso implicava ficares aqui o dia inteiro.

José

Exactamente. E até tranco a porta para ficar sossegado.

Madalena

E assim não tinhas que encarar a Maria, certo? - diz, rindo.

José

Mas ficavas com tudo arrumadinho e, com alguma sorte, ela esquecia-se do que se passou.

Madalena

Tens medo da tua mulher? - diz, provocando-o.

José

Medo? Claro que não. Fico é preocupado com a nossa filha. Não é bom para ela ver a mãe irritada com o seu pai.

Madalena

Pois! Sê homem e vai enfrentar as tuas asneiras. - diz, enquanto o empurra para fora do quarto.

publicado por Luis às 12:39
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7 comentários:
De Silvia a 7 de Abril de 2008 às 18:53
Escrita deliciosa... comecei hoje a ler e confesso que além de não ter conseguido parar até chegar ao último, estou ansiosa e curiosa com o que virá depois...

Escrita envolvente... com humor... mas também com moral...

Obrigada pelos sorrisos que me arrancou neste dia cinzento...

De danitri.® a 8 de Abril de 2008 às 00:22
Afinal José.. é um bom Irmão.

Parabens, mais uma vez, pela a história.
Mas, acho que há um erro, quem é a Mariana? Deve ser Madalena, ao meio do texto.

Obrigado, e continue e escrever.
De Catarina a 8 de Abril de 2008 às 11:59
Desculpe lá... mas você tem um livro publicado?
A sua pontuação é do mais defeituoso que já vi!
E "deve de ser"? Isso é de ignorante. DEVE SER!!!
De Luis a 8 de Abril de 2008 às 13:32
Agradeço, e sempre irei agradecer, a todos os que me indiquem erros gramaticais, ortográficos, de pontuação, ou ainda outros que encontrem nos meus textos (sou um gajo humilde por natureza e educação).
Não tenho por isso problemas, em ter alguém a apontar os meus erros, seja quem for, e seja como for. Só peço em troca coerência, por isso, Catarina, para a próxima, não me ofendas com o "Desculpe lá..." penso que gramaticalmente ficaria melhor teres começado por: "Seu Grande Ignorante..."

P.S. - O "deve de ser." já passou a "deve ser."
P.S.2- Este pequeno texto foi revisto 3 vezes.
De PELAGIA a 8 de Abril de 2008 às 13:55
Ciber -amigo, pontuação máxima para os teus textos e enredos!
Na escrita, como nas pessoas, a forma e o conteúdo são indispensáveis! Mas sem duvida que o conteúdo é, de longe, bem mais importante que a forma!
As críticas podem ser úteis mas não são indispensáveis, e tornam-se totalmente inúteis quando perdem o conteúdo construtivo e adquirem a forma ofensiva!
Estou contigo e não abro! Quem detectar erros tem bom remédio: corrija-os e torne a ler! Depois conte-nos a experiência!
Saudações
De danitri.® a 9 de Abril de 2008 às 21:50
É assim, acho que Catarina esta a ser injusta. Erros, toda a gente comete, e depois, isto aqui não é um livro, a Senhora para ler o Blog, não esta a cobrar nada, por isso, acho eu, que não pode exigir nada.
Continue Luis, esta a realizar um bom trabalho, gosto de ler os seus textos, e erros, todos nós o cometemos, um errozito ou dois, não fazem mal a ninguém.
De Violeta a 7 de Novembro de 2008 às 02:52
Caro Luís, estou a adorar a sua história!
Comecei por acaso e não saio daqui até ir chegar ao final, e se for igual aquilo que li até aqui merece os meus sinceros elogios pela história em si e também pelo enredo exposto!
Muitos parabéns e continue a alegrar-nos ao mesmo tempo com as suas ironias bem implementadas.

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